O começar com as nossas deambulações à volta de letra C provocou uma verdadeira tempestade de emoções comigo e com a Navi. O tesão subiu ainda mais de tom, a necessidade de estarmos juntos mais aumentou (como se fosse possível) e o grau de intimidade e partilha elevou-se a níveis, por vezes, embaraçosos. Cada vez mais nos despíamos de receios em partilhar todas as nossas fantasias, desejos e mesmo coisas que tivessem acontecido no passado, mas já juntos, e que cada um guardou para si por motivos diversos.
A nossa relação, como já aqui o disse, baseava-se, para além de outros aspectos que não o sexo, numa partilha de afinidades e transparência absolutas. Falando de sexo, ainda mais se faziam sentir esses atributos. O tempo foi passando e tudo o que cada um dizia ao outro era inquestionável. Ausência total de dúvidas. Confiança absoluta um no outro. Só que, com o desenvolver, até à exaustão, desta mesma partilha e jogo da letra C, acabámos por admitir, mutuamente, por admitir que teriam existido coisas que não foram partilhadas. E porquê? Porque na altura não foram contadas e, sendo assim, teria passado a oportunidade de o fazer, sob risco de colocar em causa a relação que tínhamos: inexistência de segredos.
Mas por sermos tão abertos e compreensivos, entendíamos que ninguém é perfeito e todos nós poderemos ter segredos. O que, neste caso, iria contra a ideia inicial da relação. Mas também sabíamos que tais situações nos poderiam dar um tesão desmesurado, se contado mesmo que mais tarde. Isso iria transmitir-nos uma confiança absoluta entre os dois e assim cimentar ainda mais a relação.
Claro que é difícil dizer “olha, disse-te que não tinha escondido nada mas não é verdade. Aconteceu de facto mas não fui capaz de te dizer na altura e depois já não tive coragem com receio da tua reacção”. Eu próprio pensei nisso e fui capaz de lhe contar coisas que antes não o tinha feito. A Navi talvez, ao ouvir-me dizer tais coisas, sentiu-se mais à vontade para partilhar tudo o que até então não havia feito. Algumas fez, outras não. E eu sentia, da sua parte, receio, vergonha e mesmo medo, de o fazer integralmente. Mas como lhe disse então, tudo isso achava natural. Qual o casal que não guarda segredos, um perante o outro? No nosso caso e embora tenhamos acordado que tal não iria acontecer, a verdade é que aconteceu. Talvez fizesse parte do nosso processo continuado de conhecimento mútuo. De vermos que tudo podemos contar um ao outro. E mais: que assim, e para além da confiança que íamos ganhando, o tesão ia também aumentando ao ouvir e sabermos tudo o do outro. Principalmente o que estava guardado. E porquê? Por – e isto é o mais importante – sabermos que os nossos corações estavam entregues um ao outro. O resto, como se costuma dizer, era paisagem. E mesmo poderem existir entusiasmos por outras pessoas, é coisa que acontece ao mundo inteiro, numa ou outra fase da vida. A questão é adimiti-las,um peranto o outro.
E, ao fazer esta reflexão e pensando no que a Navi terá ainda para contar, o meu tesão, por tudo o que aqui disse, ai sempre aumentando ao ponto de bater punhetas a pensar no que terá ela para me dizer, para além do que já disse…. um gozo continuado dos dois…
Assim, mergulhados nesta transparência absoluta, vai ser bem mais fácil e excitante o nosso jogo da letra C…
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