A minha sexual começou sem grandes sobressaltos, passando por todas as fases típicas de um adolescente. Masturbação (prefiro chamar-lhe punhetas), filmes eróticos e porno, fantasias consequentes, olhares furtivos para as meninas, embora com alguma timidez. Nas festinhas de garagem e luzes vermelhas, a insegurança era acentuada e o avançar para o pedido de dança era uma epopeia, com um receio constante da rejeição. Mas quando resultava e a música era para o encosto, as sensações – chamaria tesão – entravam em fúria e o simples toque de perna com perna ou ancas eram uma festa. Masturbações à conta de tais lembranças não eram poucas.
Primeira namorada apareceu na altura certa, talvez pelos 16, e tardes de grande gozo que passávamos em minha casa, sempre na esperança de que ou a empregada saísse ou então se perdesse nas suas actividades na cozinha. A porta era encostada ou mesmo fechada e então beijos e amassos eram contínuos. Foi então que apareceram os primeiros toques nos nossos sexos seguidos de masturbações conjuntas. As primeiras palavras obscenas apareceram. Punhetas! Hummm… que bem que sabia dizer e ouvir, um ao outro, estas primeiras “obscenidades”. A nossa primeira experiência sexual – juntos – aconteceu então e, a partir daí, era sempre em festa. Este namoro durou largos anos mas, talvez já por ter um bichinho cá dentro que me pedia mais – será genético? – comecei a sentir os prazeres de pular a cerca e ter experiências com outras meninas. Ela, não sei se o faria igualmente mas quer-me parecer que não. No fundo, eram descobertas e sede de viver novas sensações que, como consequência, faziam da minha casa de banho e cama confidentes silenciosos das minhas constantes punhetas. Depois desta namorada, tive mais duas fixas, também durante uns anos, e ao mesmo tempo, às quais ia juntando umas tantas outras ocasionais. Na altura, sei que foi mau para estas duas namoradas fixas, assim como para mim, acrescente-se. Foi bem complicado gerir tudo isto.
A minha segurança e auto-confiança iam aumentando gradualmente e sexo sabendo cada vez melhor. Sexo tradicional, puramente físico, ao qual juntava, por vezes, um gostar especial pelas pessoas com quem ia partilhando estas brincadeiras. O sentimento de amor não o recordo agora, se existia ou não. Sei sim que experimentei sentimentos de saudade, ciúme, posse, orgulho, cansaço, tristeza e alegria.
Nestas alturas – adolescência - sentimo-nos um pouco como donos do mundo, esquecendo os sentimentos das outras pessoas. Pelo menos, assim aconteceu comigo e constituia minha principal preocupação como gerir o meu tempo para poder estar com todas. Mentiras e omissões faziam então parte do meu dia-a-dia, o que me confundia a cabeça uma vez que toda a minha educação havia sido ricamente religiosa com os conceitos da igreja perfeitamente enraízados. Claro que falo apenas de namoros, flirts e sexo, quando digo que esquecia os sentimentos de outras pessoas. Em todo o resto, forma de estar no mundo, respeito pelo semelhante e mesmo animais, valores de vida, justiça e igualdade, era uma constante e com que me ia sentindo bem com a maravilhosa herança que depois concluí ter recebido dos meus pais.