domingo, 5 de julho de 2009

Navi

 

A Navi sempre foi um caso muito sério…bem diferente de todos os outros… o que começou como sendo algo muito leve rapidamente  se transformou num vicio impossível de se fugir. Não só pela sua forma de ver o mundo, do seu estar, do seu gosto por sexo. mas também e principalmente por me ter deixado entrar, em pleno, no seu coração, na sua alma, no seu Eu... Até a conhecer, nunca havia encontrado alguém que fosse capaz de partilhar comigo todas as suas fantasias, desejos, fossem eles quais fossem. Sim, já tinha acontecido outras mulheres partilharem algumas mas sempre senti que não era na totalidade. As mais íntimas e que achavam que pudessem não ser do meu agrado ficavam guardadas. Desconfiava disso pois é praticamente impossível cada um de nós não ter fantasias e desejos – e mesmo actos – que se possa pensar causar algum embaraço com o seu companheiro/a…

Com a Navi tudo era diferente… sentia uma partilha total, completamente despida de refúgios ou vergonhas. O processo foi lento. A princípio e por ela estar habituada a ter que esconder sentimentos, fantasias, desejos e actos dos namorados anteriores, era um pouco reservada. Com o tempo, tudo foi mudando à medida que foi tendo a percepção de que eu tudo aceitava e entendia. Quando eu não gostava de algo, simplesmente dizia-lhe sem qualquer gesto de crítica, agressividade ou acusação. Tolerância é a palavra chave para tudo tendo em conta que ninguém é perfeito e a expressão humana é, no fundo, animal. A nossa parte racional tenta seguir as regras impostas pelas diferentes sociedades mas, como sabemos e bem, elas são hipócritas. E cada sociedade tem as suas próprias regras…

E assim a Navi foi, cada vez mais, soltando-se, em toda a sua plenitude. E eu tanto mais acreditava quanto, por vezes, ela me poderia dizer coisas que me pudessem deixar apreensivo ou com alguma ponta de ciúme. Mas a verdade é que, assim, sentia que tudo era dito, sem qualquer restrição. Mesmo que se desse o caso de a Navi querer muito alguém, sentir-se atraída por algum homem ou mulher e dizer-me. Ou mesmo ter fodido sem eu saber e acabar por dizer-me rapidamente. Creio que assim ainda mais força me dava para lutar por ela, para não a perder. Mas o saber tudo tirava-me um dos sentimentos mais terríveis que se pode alguma vez ter: a dúvida. Sempre considerei a mentira ou mesmo a omissão como sendo a pior das coisas que se pode ter na pessoa com quem se tem uma relação.

Esta sua postura fez-me ficar completamente agarrado a ela e foi determinante, definitiva e claramente, para o tipo de relação que tínhamos… A Navi era uma verdadeira excepção à regra…

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