A procura de novos limites numa relação acompanhada das necessárias e consequentes transparência, cumplicidade e partilha é um desafio que apenas as mentes mais ousadas poderão aceitar. Pretende-se assim soltar, numa relação a dois, a parte animal que existe em cada um de nós, sem mentiras e omissões ao parceiro. Pretende-se ainda mais: que cada um deles possa tirar gozo de tais situações.
Testar novas fronteiras implica, naturalmente, avanços e recuos. Avanços quando a experiência é boa, recuos quando ambos ou um deles vive a sensação do desconforto. Ideal quando tal sucede com ambos, simultaneamente. Um problema quando assim não acontece. Experiências vividas e partilhadas pelos dois, naturais e excitantes para ambos, até então, passam a ser sentidas como algo a evitar sob pena de magoar o/a parceiro/a. E é nestas alturas que toda a complicação surge… a tal transparência, cumplicidade e partilha podem, em nome do não magoar o parceiro, serem postas em causa. Sem qualquer mal… pensa a parte interessada, pois o gostar do outro mantém-se vivo – pelo menos nesta fase – e as tais experiências já vividas e continuadas a serem desejadas, neste caso e agora, apenas por um.
E, de repente, todo essa série de situações que tantas conversas a dois originaram, desaparecem por completo, como por magia, passando ao estatudo de tabú. O que para um deles desejava, excitava, fantasiava, agia… deixava, subitamente, de desejar, excitar, fantasiar, agir… tudo em nome do não magoar… E a outra parte, já profundamente conhecedora do íntimo e da alma do/a parceiro/a, interroga-se, sente-se, em silêncio…
A tal relação que se procurava, com tanto empenho e entusiasmo, fica banalizada, embora num outro nível, diferente das relações ditas “convencionais”. Mas fica. Porque o espírito base que presidiu à procura de tal tipo de relação foi violentado: transparência, cumplicidade e partilha, totais, por mais alto que o custo pudesse ser. E, por isso, acaba por cair, mais tarde ou mais cedo.
Não é fácil, não. Pelo contrário. Uma relação que, para viver, necessite de respirar tais exigências é dramaticamente difícil. Até porque que não tem ponto de retorno. Já Simone de Beauvoir e Sartre o sentiram. Mas, quando resulta, é indestrutível.
Mas há que tentar, sempre… mesmo que, para isso, seja necessário fazer das tripas coração… Nada pior para uma relação do que a mentira ou omissão…
3 comentários:
esta problemática interessa-me, vou continuar por aqui.
beijinho de boa noite
Quero entender o que me queres dizer.
Tentar...desistir uma dicotomia difícil de escolher...
Beijos prometidos
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