Depois da ultrapassada a fase das namoradas, talvez pelos meus vinte anos, comecei a frequentar discotecas com grande assiduidade, coleccionando micro-relações que, como a palavra deixa perceber, não passavam de ocasionais, assim como amizades com mais ou menos cor. Nunca fui muito de alinhar pela partilha de experiências com amigos – ao contrário deles - preferindo manter-me sempre discreto, nem que fosse pelo respeito que essas minhas “amigas” que iam passando pela minha vida mereciam.
Recordo-me de uma excepção a esta postura. Uma amiga – chamar-lhes-ei assim, amigas – que gostava, adorava, sexo menos convencional, digamos assim. Foram várias as sessões de sexo que tivémos e, por nessa altura não ter casa e o dinheiro não ser muito (era estudande), passavam-se no carro que então já tinha, como presente da minha entrada para a faculdade. Uma das vezes, a brincadeira foi de tal modo que, em plena rua, embora de noite, fodemos no carro com algumas variações. A alavanca das mudanças serviu para ela se sentar e mete-la na cona. Eu estava maravilhado a ver – novidade para mim - e as suas palavras que acompanharam tal sessão de sexo excitavam- me sobremaneira. Sentia-me tão extasiado quanto um Vasco da Gama – imaginava - a chegar à Ìndia . Palavra puxa palavra e, no meio de todo aquele desvario, disse-me que lhe dava tusa estar com vários paus ao mesmo tempo. Aí, lembrei-me de alguns amigos a quem lhes propus uma sessão conjunta: nós e ela. Para eles, foi como que um presente divinal pois nunca tinham tido tal experiência, como no meu caso, aliás. Éramos todos virgenzinhos em sexo com mais que uma pessoa. E assim aconteceu. Fui ter a casa de um deles com ela – éramos uns 4, se bem me recordo– e, passando da sala para o quarto, iam um a um fode-la. Fiquei na sala a ve-los desaparecem pelo corredor em direcção ao quarto, todos num sorriso nervoso característico de uma primeira vez mas que pretendiam, sem sucesso, disfarçar.
Fui ficando para trás, ouvindo os gemidos dela, renovados à medida que cada um deles a ia comendo. Cada um deles, ao voltar de novo para a sala – não esquecer que era um de cada vez – comentava a foda que tinha sido e o que ela tinha gozado, como que querendo dizer “eu sou o maior!”. Eu sentia um misto de sensações estranhas, confusas… por um lado, sentia-me excitado – com tesão, melhor dizendo – perante tal situação que constituia novidade mas, por outro, algum cíúme misturado com orgulho ferido e também aborrecido pelos comentários que ia ouvindo da parte deles, tipo “heiii a gaja fode bem”, “ grande puta esta que está a adorar aviar-nos a todos”, etc , etc. Ciúme e orgulho ferido, porque afinal tínhamos tido algumas sessões de sexo e ali constatei que ela tinha gozo com eles igualmente, sendo eu apenas mais um e nada mais que isso; aborrrecido, porque afinal ela era uma parceira de sexo, igual a nós, e que, por isso, merecia o maior respeito. Ainda fui ao quarto quando chegou a minha vez mas voltei para trás sem sequer lhe ter tocado perante as interrogações dos meus amigos. Calei-me, nem respondi. Não gostei nada daquilo. Depois de todos estarem satisfeitos e terem dado a tarde de sexo como terminada, levei-a de volta. Nunca mais voltei a sair com ela.
Tirei duas conclusões desta experiência. Uma delas passava pela certeza crescente de que, realmente, era diferente destes meus amigos. Ao contrário deles, via a mulher como igual ao homem, parceira de brincadeiras e não como uma puta e o homem como um garanhão. Nesta altura, senti algum isolamento que se iria acentuar com o tempo.
A segunda conclusão… achei que experiências semelhantes poderiam ser bem excitantes quando envolvendo as pessoas certas. Como mais tarde vim a comprovar…
4 comentários:
Bom, antes de mais obrigado pela visita ao meu cantinho :)
São de facto umas memórias muito..intensas. Passarei para ler com mais calma.
Beijo
Uma experiência é sempre uma experiência. Encontrar as pessoas ideias para partilhar essa experiência é sempre mais complexo.
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